sexta-feira, 4 de junho de 2021

Taís, A Estranha

bandolins

            

Estava hoje ouvindo uma música, e lembrando que ela me causa um dejavu estranho. O nome da música é Bandolim, do Oswaldo Montenegro. É como se eu já estivesse estado naquela situação da música, chego a me enxergar lá. E dai lembrei o quanto sou estranha.

Nunca tinha pensado tão profundamente no quanto sou estranha, mas depois de ouvir essa música, pela milhonésima  vez, percebi isso. Primeiro que não é normal alguém que tinha menos de 30 anos à época gostar desse tipo de música e muito menos ter um dejavu tão claro como o meu.

Nunca gostei daquilo que as pessoas da minha idade gostavam. Quando era criança, sempre arranjava uma desculpa pra não brincar, e tinha medo de tudo. Quando adolescente, apesar de tentar me encaixar, nunca gostei de nada de que os outros gostavam. Achava as conversas chatas, vazias, imaturas. Preferia ficar no meu mundinho meio gótico de sempre. Até com minhas primas, que eram o máximo de amigos que  eu tinha, havia horas que preferia não estar ali. Desculpa aí, gurias!

Quando estava na idade de falar de meninos, piorou. Tem conversas mais íntimas que todos gostam, conversas e brincadeiras mais sensuais, não me agradam; gosto de conversas sobre política, aquele papo cabeça intelectual. E os caras, sempre achei conversas idiotas e imaturos.. E os caras de quem gostava, bem, moram longe pra caramba e logicamente, não gostavam de uma estranha como eu.

E se mudei algo? Não, continuo casmurra, estranha e cada vez menos tentando me encaixar nos padrões. Se isso significar não ter amigos ou ter poucos amigos, que seja. Se encaixar cansa muito e fora que tô com muita preguiça pra isso. Prefiro ser a estranha que tem dejavus quando ouve uma música de um estranho que quase ninguém conhece ou aquela que entre falar besteira ou o amenidades com estranhos ou não falar, prefiro o silêncio.

Alguém um dia disse que essa coisa de não se encaixar é arrogância. Ou "a solidão é pretensão de quem fica escondido, fazendo fita". Pode até ser, pode ser que Cazuza ou seja lá quem mais for esteja certo, mas vou ter que aprender a viver com isso. Então, deixemos pra outra vida a melhora da arrogância e aprendamos a viver como somos. Vou aprender a viver com minha solidão, solitude e estranheza e continuar sonhando em encontrar minha turma de estranhos, enquanto fico sonhando ao som dos bandolins.