quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Juízes da vida alheia


Oi, amigos. Tudo bem?

 

Hoje vim falar sobre uma coisa que minha irmã sempre fala, mas como todos nós,  algumas vezes, acabamos não fazendo o q dissemos: o mau hábito de julgar a vida alheia, a opinião alheia, enfim, a tudo que tenha a ver com o outro.

Quanto a opiniões, podemos verificar isso quanto aos preconceitos. Queremos que as pessoas não tenham preconceitos com gays, negros, deficientes e os diferentes em geral. Mas não nos damos conta e nem nos damos o trabalho de tentar ver o lado do preconceituoso. Por exemplo: por que a pessoa tem esse tipo de pensamento? Será que teve uma má experiencia de vida, ou será por pura falta de conhecimento, ignorância mesmo? Claro que isso não justifica a falta de respeito, a má educação e os maus tratos sofridos pelos diferentes. Mas acredito que desde que a pessoa discorde sem ser mau educado ou desde que não trate o diferente com indiferença, já é um bom começo. A final, querer obrigar o preconceituoso a pensar como nós, também é uma forma de preconceito, que tentamos justificar dizendo que nós somos os donos da verdade e eles as pessoas más que fazem o mundo ser do jeito que é, perturbado e cheio de amarguras.

Outro julgamento é quando nos pegamos opinando sobre como o outro deveria conduzir a sua vida, e aquele que não a conduz do jeito que pensamos ser o certo, ou é depravado, ou é ignorante, errado, omisso e muitas outras "qualidades". Mas quem garante que nosso modo de pensar e agir é que é o certo? Será que não somos sérios demais? Será que não somos negligentes demais em alguns aspectos? Será que somos assim tão perfeitos, a ponto de poder dizer como o outro deve viver ou agir?

Não estou dizendo aqui que sou um anjinho barroco e não julgo a nada nem ninguém, pelo contrário; essa reflexão vale também pra mim; pra quando eu pensar em falar mal da vida alheia ou tentar dirigir os atos de alguém, lembrar que eu não sou perfeita, meu modo de pensar não foi comprovado cientificamente ser eficiente e minha vida também não é essa coca-cola toda.

A única coisa que está realmente cientificamente provado que é certo é: enquanto não prejudicamos aos demais, não estamos errados. Portanto, cuidemos mais de julgar nossas vidas, que aliás, como a de qualquer um, está cheia de arestas a serem aparadas. Assim, não sobrará tempo para cuidar da vida de seu irmão de jornada.

 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Drama de um depressivo


Oi pessoal, tudo bem?

Pois é, quem me conhece, sabe que esse título não combina comigo. Odeio fazer dramas, odeio pessoas que estão sempre doentes, ou falando de doenças, ou fazendo uma novela mexicana por qualquer coisa. Mas tenho meus momentos, momentos em que nem eu mesmo me suporto, momentos em que gostaria de dormir, dormir e dormir, e só acordar quando estivesse de volta, eu mesma, sem dramas e otimista e alegre como sempre fui, até meus 20 anos.

Depois dai, descobri que tinha depressão, ansiedade, e eu que achava que isso era desculpa pra muita gente, me vi fazendo coisas que não condiziam comigo. E para explicar melhor o que sentimos—os deprimidos—para quem não tem e pensava o mesmo que eu, vou dizer um pouco do que sinto.

Primeiro são as dores, nos ombros, nas costas, na cabeça, em qualquer lugar. Você está sempre doente, vai ao médico e nunca tem nada. Porque realmente, fisicamente você não tem mesmo nada. Dai vem os sintomas psicológicos, uma irritação incontrolável, e por causa dela, acabamos magoando a todos que estão a nossa volta, sem querer. E depois que percebemos, vem a vontade de chorar, chorar muito, sem parar.

Pra quem tem ansiedade, qualquer coisa é motivo pra se ficar ansioso. E com ela vem a fome descontrolada, a vontade de fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas ao mesmo tempo, o desânimo para isso.

E os ansiolíticos que deveriam ajudar, te deixam mais cansada, sonolenta, irritada e sensível; e todos a sua volta pensam que É preguiça, falta de vontade, simples patricice. E lá vai você de novo, se irritar, brigar, magoar alguém e chorar ou dormir.

Se você tem esses sintomas, procure ajuda, pois mesmo com ajuda é difícil passar por tudo isso, imagine então sem ajuda... Não tenha preconceito de frequentar um psiquiatra, psicólogo, é melhor procurar mesmo ajuda do que de repente acabar sozinho, sem as pessoas que se ama. Porque é isso que acontece com quem não se ajuda, acaba na solidão. E pior que isso: acaba gostando dela.

E você que tem um familiar com problema, sei que é difícil lidar com uma pessoa que oscila tanto de humor. Mas se conseguir, não se magoe com as idiotices que fazemos; elas não são o que pensamos de verdade.

  

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Crenças autolimitantes


Um dia desses, uma pessoa com deficiência disse que deveríamos saber os lugares que poderíamos ou não frequentar. De acordo com ele, sua mãe lhe ensinou os lugares onde ele poderia ou não ir, para que ele não fosse um empecilho aos demais que estão à sua volta, e que nós, deficientes que buscamos tudo que é direitos, deveríamos nos colocarmos em nossos devidos lugares.

Fiquei me questionando se realmente essa pessoa estava certa, uma vez que a sociedade faz o tempo todo com que nos sintamos um trambolho na vida dos que nos cercam. Claro que o chapéu não serviu pra mim, pois minha família sempre fez com que eu me incluisse na sociedade onde vivo; mas fiquei pensando se não exigia demais de quem estava a minha volta. Então, resolvi questionar os grupos do facebook voltados para pessoas com deficiencia sobre o assunto.

Para minha grande alegria, percebi que não estou errada, e que o deficiente pode sim escolher o lugar onde quer ou não ir e exercer seu direito de ir e vir, como qualquer pessoa. É claro que alguns programas farão com que não nos sintamos assim tão incluidos, mas isso vai da visão de cada um sobre o assunto, vai da escolha pessoal. Eu, por exemplo, não me sinto nada incluida em uma baladinha, por isso, não frequento.

Mas essa opinião do moço me fez pensar que ainda, por incrível que pareça, vivemos em uma sociedade extremamente preconceituosa e limitadora, onde os próprios pais ensinam os filhos a se autolimitarem. E isso ocorre com muitos de nós, de forma velada, durante nossa vida, desde a infância. Quantas vezes já ouvimos de nossos pais que não podemos fazer determinada coisa, mesmo antes de tentarmos? E se tentássemos fazer, ouvíamos: “depois não reclama se te machucar, não diga que eu não avizei!”. E crescemos com aquela idéia na cabeça, de que aquilo não é pra nós, de que aquilo não podemos fazer.

Ao longo da vida, as limitações se tornam tão grandes que muita gente acaba com problemas psicológicos, pensando que nada podem ou nada conseguem. E então surge a dependência e a co-dependência, ou seja, o filho sobrecarrega o pai, pois acredita que não pode fazer nada sem ajuda; e o pai depende da agenda do filho, ou adecua sua agenda para atender ao filho, já adulto, que poderia muito bem viver sua vida sozinho.

Isso não significa que somos total e completamente independentes e que não precisamos dos nossos familiares para nada; e também, querer viver nossa vida não significa ingratidão. Significa simplesmente que crescemos e queremos exercer nossa independência, como qualquer outra pessoa sem deficiência. E como os pais ficariam tão menos sobrecarregados se se dessem conta de que seus filhos são deficientes sim, mas não são seres irracionais, disprovidos de inteligência e que não podem fazer suas próprias escolhas ou discernir entre o bem e o mal.

Lutemos pela nossa independência, por nosso direito de escolher onde ir, por nosso direito de fazer nossas próprias escolhas; e principalmente, lutemos para que a sociedade veja nossas capacidades, e não nossas deficiências.