segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

TUDO QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE O CEGO, MAS NUNCA PERGUNTOU



Oi, pessoal, como vão vocês?
Hoje vim falar sobre algumas perguntas que todos tem curiosidade de saber sobre o cego, e que sempre pergunta ao companheiro dele.
Já deixando bem claro que cego, na maioria das vezes, não é surdo, então, não precisa falar conosco ou sobre nós, como se não estivéssemos presentes. Na maioria das vezes, ficamos magoados ou constrangidos com essa atitude.
"Ele toma banho sozinho?" Sim, o cego, todo cego, toma banho sozinho. A final de contas, através do tato, temos como guiar a esponja e o sabonete pelo nosso corpo e saber qual parte está sujo. Assim como a cabeça também lavamos sozinhos. Lavar o cabelo pode ser um pouco mais complicado, já que a quantidade de cabelos, quando muito grande ou volumoso, pode fazer com que não tenhamos muita noção se lavamos bem o couro cabeludo; mas isso um vidente dá sempre um toque. Claro, estou falando especificamente do meu cabelo, que é muito crespo.
"Ele escolhe suas roupas?" Vamos por partes: para comprarmos a roupa, logicamente, precisamos da ajuda de um vidente para descreve-las para a pessoa cega. Além disso, a pessoa que enxerga pode dizer se a roupa é bonita ou não. na hora de experimentarmos as roupas é que iremos saber se tal ou tal roupa fica ou não confortável. Já com a roupa comprada, sim, escolhemos as roupas sozinhos, já que sabemos que cor é a roupa, como podemos combinar.
O legal é sempre comprarmos a blusa mais colorida e a calça ou bermuda ou saia,, mais neutra.
"Como eles SABEM CORES?"  Bem, como eu vejo o claro e o escuro, minha mãe me deu noção de cores pela minha percepção de luz. Ou pode ser tipo: vermelho é uma cor forte, branco é uma cor mais neutra, e assim por diante.
"Ele vê luz?" Bem, essa resposta é bem pessoal. Nem todo cego vive na escuridão, como costumam dizer os repórteres da tv; eu, por exemplo, tenho percepção de luz, meus irmãos também; mas outros cegos não tem qualquer percepção de luminosidade. Portanto, é bom sempre perguntar à pessoa.
"Como ele reconhece às pessoas?" Quando a pessoa é bem conhecida, a conhecemos pelo barulho dos passos, o cheiro; quando não, reconhecemos pela voz. Mas quando não vemos a pessoa com frequência, daí pode ser que não a reconheçamos logo de cara; por isso, se você não convive muito com o cego, é bom sempre dizer seu nome. Mas se a convivência é frequente, não se faz necessário a identificação.
"Ele penteia o cabelo, escova os dentes, come sozinho?" sim, fazemos toda nossa higiene pessoal  e comemos sozinhos. Quanto aos cabelos, precisamos da ajuda de quem enxerga pra sabermos se o cabelo está bem arrumado ou quando precisamos ir a uma festa, por exemplo. Eu particularmente, não sei fazer penteados como transas ou coques; por isso, cortei meu cabelo bem curtinho. mas isso depende da pessoa.
"Como ele assiste a tv, se ele não enxerga?" Não enxergo, mas ouço. Pelas falas das pessoas, conseguimos acompanhar todos os acontecimentos na tv. Nas novelas, por exemplo, é fácil saber quando o casal está se beijando, por exemplo. Mas para filmes, a audiodescrição é uma ferramenta maravilhosa para que não percamos o fio da meada, principalmente porque no final, não há muitas falas pra dizer como terminou.
Quem judia do cego é o narrador de futebol, quando o jogo ta rolando e ele fica lá, falando qualquer besteira, menos narrando o jogo. Nesse caso, o rádio é nosso companheiro inseparável!
Bem, bonitos, por enquanto é isso. Se lembrarem de outra pergunta, podem fazer nos comentários. Ao contrário do que vocês pensam, as perguntas não nos constrangem ou ofendem, estamos sempre abertos a responder qualquer curiosidade. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

E A TAL DA EMPATIA?

Oi, pessoal. Hoje vim falar de algo que está me incomodando muito ultimamente: a ausência do sentimento chamado empatia.
A empatia é a capacidade que alguém tem de se colocar no lugar do outro, de se ver na situação pelo qual o outro passa. Empatia significa entrar no sentimento.
Porém, vejo que na humanidade atual, ela está em falta, diria até em extinção. E isso ficou mais claro no último mês, quando presidiários foram mortos, decaptados e esquartejados no norte do país, e eu ouvi e li coisas como: "tem mesmo que morrer", ou "se eu fosse a policia, trancava todo mundo e deixava que se matassem".
A desculpa principal para esse comentário é: "eles mataram, roubara. Se não tivessem feito o que fizeram, não estariam lá.". E sim, concordo que estar lá foi uma dessas escolhas erradas que fazemos em nossa vida; mas não posso esquecer também que essas pessoas tem famílias. Tem mãe, pai, irmãos, esposas e filhos, e me coloco no lugar desses familiares, que perderam os seus de forma tão animalesca. E se um deles tivesse matado dessa forma um dos meus? E se um dos presos fosse da minha família, como eu me sentiria? Ou será que nos julgamos assim tão perfeitos, a ponto de acharmos que nunca passaremos por isso?
Outra ocasião em que sinto falta da tal empatia é agora, com a morte da ex-primeira-dama. Concordo que o Lula roubou, por causa de seus roubos, muita gente morreu nas filas dos hospitais, e todo o blablablá que já sei de cor e até concordo; mas e se seus pais fossem políticos, ladrões, e um deles morresse, você comemoraria a morte deles, pois a final, eles merecem morrer? E você gostaria de ler na internet que seus pais mereciam morrer mesmo? Acho que não, né?
Não deixemos se extinguir a empatia, nos coloquemos no lugar do outro antes de julgarmos alguém. Antes de agirmos, pensemos mais, pois nossas crianças estão tendo um péssimo exemplo.
O que queremos para a próxima geração: pessoas caridosas ou terroristas e sanguinários impiedosos? O que estamos fazendo com nosso mundo? E principalmente, onde está nosso amor e nossas crenças cristãs? Pensemos nisso.