terça-feira, 29 de abril de 2014

Capacitados para o sexo

Olá, pessoal. Como estão?
Hoje vim postar mais um texto da rede saci, que tem por título Capacitados para o sexo. Ele fala de pessoas que fazem cursos para fazer sexo com pessoas com alguma deficiencia, já que a vida sexual da pessoa com deficiência, principalmente a física e mental, esbarra no preconceito da sociedade.
Essas pessoas, que são chamadas assistentes sexuais, geralmente são psicólogos, sexólogas e até mesmo prostitutas, e esse serviço é muito utilizado na europa. Leiam o texto e reflitam sobre o assunto, que é polêmico.

Texto de Jerónimo Andreu


Jerónimo Andreu

Francesco Granja recebe as visitas na cama apertando um controle que abre a porta da sua casa. Mora num luminoso apartamento da Vila Olímpica de Barcelona adaptado para sua tetraplegia causada por um acidente de carro há 20 anos, quando voltava de uma reunião. Costuma se locomover numa cadeira de rodas, mas hoje umas feridas o detêm. Ao seu lado estão María Clemente, psicóloga especializada em neurorreabilitação, e Eva, assistente sexual, dois pilares fundamentais de Tandem Team, a associação sem fins lucrativos presidida por Granja, dedicada à assistência sexual para portadores de deficiência por meio de voluntários.

Os três acompanham um debate que se gerou espontaneamente em torno de outros dois visitantes no quarto de Francesc. É preciso tomar cuidado para não se apaixonar? Felipe e Lau conversam (ambos nomes fictícios). Felipe sofre de paraplegia de terceira e quarta vértebra. Lau é a assistente que ele conheceu por meio de Tandem, e defende com paixão que os encontros devem ser sinceros, nunca uma ficção sentimental:

- Tenho namorado, mas durante o tempo que estou com um usuário, ele se converte no homem da minha vida.

- Não se deve ter medo – concorda Felipe – Você pode se apaixonar porque está muito necessitado, mas também da padeira ou de qualquer pessoa que te trate bem. Aqui os dois sabemos onde estamos.

- Mas é preciso se entregar, porque é uma questão de amor, que para mim é o fundamental.

- Em todo caso – intervém María – se detectamos pessoas dependentes psicologicamente as aconselhamos a não recorrer a um assistente porque podem acabar se magoando.

Lau, de 38 anos, estudou enfermagem e veterinária. Ela faz oficinas de tantra e, quando uma amiga lhe falou de Francesc e do seu projeto, exclamou: “Isso é para mim”. Seu perfil encaixava com o do assistente que procura a associação: experiência sóciossanitária, sem motivações econômicas e com uma concepção da sexualidade não apenas genital… A entrevistaram sobre os limites que ela fixava com relação às práticas sexuais e às famílias dos portadores de deficiências – alguns assistentes os estabelecem para amputações, determinadas complicações higiênicas ou características físicas impactantes, como as da acondroplasia (ananismo) – e ela respondeu que não estabelecia nenhum, que dependeria do momento e da pessoa, “como em qualquer relação”.

Uns dias depois, Felipe e Lau se encontraram para tomar um café. Simpatizaram um com o outro e combinaram um encontro mais íntimo. Felipe, com 42 anos, desde que está em cadeiras de rodas, havia tido uma relação mas não funcionou, e uma outra vez, se relacionou com uma prostituta: “A moça vinha com contador e isso para alguém com os meus problemas não funciona”. Sua experiência com Lau o revitalizou: “Você lembra de sentimentos que achava que estavam mortos”.

Ele é um dos 45 usuários da associação, constituída em outubro de 2013. Da mesma maneira que há mais demanda masculina, também se oferecem mais voluntários varões, embora, depois de descartar 50%, os 15 com que estão trabalhando formam um time equilibrado de homens e mulheres. Além disso, trabalham com diferentes tendências sexuais. “Precisamente com o primeiro usuário, tivemos uma surpresa”, sorri Francesc.

Ele tampouco cobra por colocar em contato assistentes e usuários, e recomenda que, em caso de haver alguma compensação financeira entre eles, que não ultrapasse os 75 euros (240 reais). “Costuma ser de uns 50 euros (160 reais) porque é preciso se deslocar até a casa do usuário, estacionar, comer fora…”, explica Eva. “Mas muitas vezes não cobramos, não é a motivação”. A associação se mantém por enquanto com as doações de Francesc (que é professor de Esade e recebe uma pensão) e com o trabalho voluntário de María. “Aspiramos ter um mínimo de ingressos para manter a estrutura”, explicam.

A iniciativa gerou expectativa no coletivo. “Consideravam-nos, os portadores de deficiências, como anjinhos assexuados, mas não é assim”, diz Francesc. Há muito existem assistentes e prostitutas que trabalham nessa área, mas escondido. Enquanto isso, na Europa o debate foi se tornando público. O país que chegou mais longe em termos de regulamentação foi a Suíça, embora com um modelo que muitos consideram intervencionista, com encontros mensais e assistentes com diploma universitário para isso. Na Bélgica, onde funciona a associação que Tandem toma como modelo, a área se move numa “alegalidade” (fora da lei, mas não contra a lei) muito compreensiva. De uma forma ou de outra, na Dinamarca, Suécia, Holanda e Alemanha, a assistência se pratica. E na França, embora no ano passado um Comitê Nacional de Ética tenha aconselhado o governo que não a legalizasse, a controvérsia continua, graças, em parte, ao sucesso do file Intocáveis.

“Existem diferentes modelos”, explicam Sánchez e María Honrubia, mas o fundamental é revelar que o problema existe”. Sánchez, enfermeira com máster em sexologia, e Honrubia, psicóloga, presidem a Associação Nacional de Saúde Sexual e Deficiência (Anssyd), que no último dia 14 de março organizou juntamente com outra associação (Sex Asistent) o primeiro curso na Espanha de acompanhamento e assistência sexual. Custava 100 euros e se dirigia a “interessados em se formar e exercer um trabalho profissional relacionado à assistência sexual”. Teve 15 inscritos, de fisioterapeutas a profissionais do sexo. “A formação é muito prática, esclarecendo em que consiste o serviço: que podem se deparar com uma pessoa que usa um coletor, com problemas mentais, como reagir diante de uma subida da pressão…”, conta Sánchez.

Por razões de confidencialidade, a Anssyd não permitiu que EL PAÍS assistisse a uma das aulas. A associação reconhece que o curso pode ser controverso. “Existe um vazio legal a respeito e sua proximidade da prostituição. Mas em 50% dos casos não há coito. Muitos usuários querem ver um corpo nu ou acariciá-lo. Isso é uma experiência alucinante. Inclusive há deficientes cognitivos que só querem afeto físico; e, por lei, isso não pode ser dado por um cuidador normal”, explica Honrubia.

O caminho até essas jornadas foi duro. “Levamos 25 anos como docentes”, contam, “e só agora começamos a ser reconhecidos”. Durante duas décadas as duas profissionais suportaram a desconfiança de colegas que não acreditavam no objeto das suas pesquisas. Mas nesses anos se estabeleceu a Convenção dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência (ONU, 2006) e a Lei Orgânica da Saúde Sexual e Reprodutiva e de Interrupção Voluntária da Gravidez, de 2010 (popularmente reduzida a lei do aborto de Zapatero), que estabelecia a necessidade de se formar profissionais, o que deu impulso a proliferação de associações pelos direitos sexuais dos portadores de deficiências. Todas essas iniciativas foram varridas pela crise.

“Existe um mito segundo o qual se você fala da sexualidade, a desperta”, conta Sánchez. “Mas o desejo está ali, silenciado. Você não imagina quanto sofrimento existe escondido”. Eles não exageram: pessoas que não quiseram ter seus nomes publicados narram histórias duras: 20 anos de um casamento sem sexo que se mantém por causa dos filhos, pais que masturbam doentes mentais…

Não parece que, por enquanto, irão surgir soluções simples a essas barreiras. As primeiras vivem nos limites da lei. Em um apartamento de Barcelona, Lau se despede de Felipe com beijos e abraços.

terça-feira, 22 de abril de 2014

SÓ SEI Q NADA SEI

Olá, galera. Tudo joia?
Estive pensando sobre o que publicar por aqui, diante de tantas noticias ruins que vem tomando conta de nossos dias. Já comentei tanto sobre elas que sei lá, irei me repetir; e outra, algumas causam tanto nojo que se eu vier falar delas, não vou falar nada de amável, pelo contrário, vou acabar sendo grosseira.
Então, achei um texto no site da rede saci que nos mostra que, mesmo quando achamos saber tudo sobre um assunto, já que estamos vivenciando o mesmo, na verdade, cada um é diferente, e acaba passando por ele de maneira diferente. O nome do texto é "SÓ SEI QUE NADA SEI", e fala sobre como ela via antes a vida de cadeirante, já que é uma desde os 6 anos e de como percebeu que sua verdade não é uma verdade absoluta.

Marcela Cálamo


Até pouquíssimo tempo, eu achava que entendia muito sobre pessoas com deficiência, especialmente cadeirantes. Cheguei a quase discutir com um amigo por ele ter uma visão diferente da minha. Ele, sem deficiência, acredita que “experimentar” situações que pessoas com deficiência vivem, ajuda na conscientização das dificuldades que os que têm deficiência passam. Nosso embate foi porque insisti em dizer que esse tipo de coisa não causa efeito algum.

Mas, de uns meses pra cá, ando pensando sobre o que eu realmente sei e o quanto sei. Como eu poderia ter certeza da reação de outras pessoas após uma experiência diferente? Concluí que eu, de fato, nesse caso, não tenho ideia do que uma pessoa sem deficiência poderia tirar de aprendizado após tais simulações. Pode ser que alguns se comovam, reforçando a imagem do “deficiente coitadinho”. Talvez alguns saiam achando que quem tem deficiência é herói!

Pode haver aqueles que se identifiquem com a luta por acessibilidade e se engaje nela ou apenas leve o assunto adiante. E pode haver também aqueles a quem não faça diferença alguma.

Tudo bem, não daria pra saber como o “lado de lá” reagiria diante de uma dificuldade “nossa”, mas de cadeirantes eu sabia, afinal, estamos no mesmo barco.

Foi então que soube que meu amigo Renato, cadeirante como eu, teve trombose e ficou um mês deitado. Imaginei como Renato ficou, não podendo sair da cama por um mês e, imediatamente, pensei em como seria isso pra mim que cuido de dois filhos, casa, marido, alunos. Aí, me dei conta de que, apesar de ambos sermos cadeirantes, nossas vidas são completamente diferentes e os acontecimentos, sejam quais forem, têm impactos diferentes nelas.

Entendi o porquê de me sentir meio peixe fora d’água quando falam de cadeirantes como uma coisa só, um grupo homogêneo. Minha vida, minhas experiências são únicas e ninguém além de mim, seja cadeirante ou não, entende minhas lutas e dificuldades diárias. Também eu, não posso saber como é a vida de outras pessoas com deficiência. Nossas deficiências nos identificam e unem, enquanto grupo que luta por direitos, que discute problemas gerais e busca soluções aos mesmos, mas nos diferencia por termos vivências diferentes, especificidades diferentes, por sermos únicos, mesmo quando a deficiência parece ser igual.

Para completar, após ouvir a Anahí e outras pessoas falando sobre gênero e deficiência, numa mesa de discussão, vi que há um mundo imenso de questões sobre as quais nunca pensei, por não fazerem parte de minha vivência e que a luta vai muito além da acessibilidade e inclusão.

E eu que achava que sabia muito, fiquei pequenina diante desse mundo desconhecido e hoje só sei que nada sei.

terça-feira, 8 de abril de 2014

MARKETING PESSOAL EM EXCESSO

Olá pessoal. Como estão?
Hoje vim falar sobre uma prática que tenho visto muito nos twitters e faces da vida: o excesso de marketing pessoal. O que é marketing pessoal e por que estou falando isso? é o que vou explicar.
Marketing pessoal é o ato de vender seu peixe, de demonstrar aos outros suas qualidades e amenizar seus defeitos, ou aprender a trabalhar com eles. Esse tipo de marketing é utilizada para "se vender" para uma vaga de emprego, conquistar um namorado ou um amigo, por exemplo.
Tenho visto no face declarações com autoafirmações do tipo: eu sou cinsera, eu sou gostosa, eu faço o que quero, eu sou A inteligente... E outras do tipo: se quiserem minha companhia me aceitem como sou porque não preciso mudar por causa dos outros e blablabla.
Isso é uma forma exagerada de fazer seu jabá, seu marketing pessoal. Outras pessoas enchem o face de fotos de si mesmo, fazendo várias poses sensuais, principalmente, para mostrarem o quanto são gostosos e lindos. Ou de momentos de festa e bebida, para mostrar o quanto são felizes.
Acho que tudo isso é válido, desde que não seja exagerado. No face e no twitter eu percebo o quanto estamos individualistas, sem tempo para o outro. E o quanto estamos carentes, necessitados de autoafirmação, de mostrar aos outros o quanto queremos atenção. E no nosso egoismo extremo, nem damos tempo às pessoas, que precisam tanto falar sobre seus problemas, precisam de um ombro amigo pra desabafar, não nos importamos em fazer aos outros felizes, só em satisfazer o nosso egocentrismo.
Não sou contra o marketing pessoal, até meu trabalho de conclusão de curso foi sobre isso, mas quando se usa as redes sociais apenas pra falar de si mesmo, denota-se o quanto você é carente e egocentrista. Além disso, quem tem uma qualidade verdadeiramente, na minha opinião, não precisa espalhar aos quatro ventos, pois ela é notada por quem conhece a pessoa logo de cara. E nem sempre nossa visão sobre o que somos é real, já que nos enxergamos ou muito melhor ou muito pior do que realmente somos.
Então, use sua rede social para disceminar coisas legais, para fazer às pessoas rirem, para espalhar a cultura e não para tentar mostrar a todo tempo que você é assim ou assado, porque você não precisa disso, você é o que é, e quem o conhece vai saber te valorizar. E quem não te valoriza não é merecedor das tais xaradinhas, pois se você dá importância ao que os outros dizem é porque essa pessoa que te humilha significa mais para você do que você pretende aparentar.
Ok, a rede social é sua e você escreve o que quiser, e já visualizo os xingamentos que vem depois disso, mas é apenas minha opinião e uma dica pra que você seja mais feliz, por que acredito que quem precisa se autoafirmar a todo tempo, definitivamente não é feliz como diz ser.