quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Cinco anos depois...

Oi, pessoal, tudo bem? Hoje o post é comemorativo. Faz cinco anos que virei efetivamente, funcionária pública da Prefeitura Municipal de itaqui.
E daí,alguém vai dizer, qual a importância disso? Pra os outros eu não sei, mas pra mim, me faz lembrar o quanto as dificuldades nos ensinam a crescer e se tornar uma pessoa melhor.
Não gosto muito de fazer a deficientinha que superou dificuldades, e blabla, mas ecepcionalmente, vou fazer isso. A final, eu mereço me orgulhar de mim mesmo, só um pouquinho.
Tudo começou bem antes, em 2006, quando comecei um curso universitário do qual não gostava nenhum pouquinho, mas foi o que o Proune tinha pra oferecer, e como não nasci rica, não tive muita escolha. No meio do curso, mil problemas, inclusive uma síndrome do pânico que quase me fez largar tudo. Depois de formada, mais dois anos tentando se colocar no mercado, vendo portas se fecharem na cara pelo fato de eu ser deficiente. Para as pessoas, não importava se eu era ou não qualificada para o cargo, e olha que nunca parei de estudar, mesmo depois de formada; mas e daí, eu sou cega e por isso, não sirvo pra qualquer cargo, dá muito trabalho adaptar, blablabla. Até tomar a decisão de fazer concurso público; logo eu, que dizia que todo cego fazia concurso, era falta de opção.
Passei no concurso e quase não fui chamada, pelos mesmos motivos de sempre, "como vamos adaptar? O que ela vai fazer?", dentre outros questionamentos que foram feitos. E quando entrei, meio que botando o pé na porta, tinha que enfrentar as disconfianças veladas da chefia. E pior, aprender a trabalhar,, pois era meu primeiro emprego.
Dai vieram mais crises de pânico, minha mãe sempre me fazendo seguir em frente, e agora estou aqui, comemorando cinco anos de uma luta que começou bem antes.
E o que aprendi com tudo isso foi a ter maturidade, paciência e principalmente: aprendi a lidar com vários tipos de pessoas, sem nunca perder a calma. Aprendi a conhecer o ser humano também, e a cada ano que passa, aprendo cada vez mais.
Por isso que esses cinco anos são tão importantes para mim, por todo o aprendizado que ele me trouxe, pra eu me dar conta do quanto evoluí como pessoa, confiar cada vez mais no meu potencial, ainda que o mundo inteiro desconfie dele, dentre outros aprendizados, que o tempo me trará.
E agradeço muito também, a meus pais, que forçaram a fazer administração, pois sabiam que era o melhor pra mim naquele momento; a meus colegas, que me acolheram e me ajudaram no momento turbulento de novidades pelo qual passei; e principalmente a Deus, por colocar pessoas tão boas em meu caminho e por me fazer aprender muito com aquelas não tão boas assim. E que venham mais 5 anos!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

AMAR NÃO É PECADO!

Oi, pessoal, tudo bem?
Hoje vim falar sobre um episódio de Malhação, onde a menina, que é autista, pede um menino em namoro, ele diz que ela está confundindo tudo e é zoada pelos amigos dele. Claro, que como toda pessoa autista, ela foi direto ao ponto, não teve lá muito jeitinho.Mas, vendo o acontecido, me vi nela.
É claro que já me apaixonei, e é claro que, na maioria das vezes, foi por um vidente, uma vez que meu círculo social é composto por poucas pessoas com deficiência. E acabei contando pra pessoa errada, essa pessoa espalhou e eu virei o assunto do momento. Todo mundo achava bonitinho, amorzinho... enfim, fiquei na boca de matildes.
É claro também, que as pessoas não faziam por maudade, mas se elas soubessem o quanto traumatizam uma pessoa agindo dessa forma, nunca mais fariam isso. No meu caso, mais ainda, pois eu nunca quis ser o centro das atenções, já o era por ser a única cega da escola, não precisava de mais olofotes em mim.
Mas lembro como me senti, como se fosse hoje: me senti uma criança de 05 anos, que todo mundo mima. Melhor, me senti como um animal em exposição no zoológico, digna de pena. Pra mim, parece que todos pensavam: "aaah, tadinha dela, a gente sabe que ela é ceguinha e nunca vai arrumar ninguém que não seja cego, a final, seria um crime alguém se interessar por ela...".
Desde então, já tive outras paixonites, mas depois daquilo tudo, nunca mais me atrevi a falar pra ninguém, pra evitar aquele sentimento de peninha da pessoa de quem eu gosto e o sentimento de gorila em um zoológico, servindo de comentário para todo meu círculo social.
E pior do que isso, é quando a pessoa de quem você gosta diz: "você está confundindo tudo, só sou seu amigo". daí vem a certeza de que, por mais atraente e bonita, ou inteligente, que você seja, não se torna, por que você é a menina cega que todo mundo quer proteger, mas nem todos querem ter como companheira.
Estou desabafando isso para que não se repita com outras pessoas deficientes de seu círculo social. POR FAVOR, não aja como se um deficiente se apaixonar, seja digno de exposição pública, não o trate como idiota.
E quando dizemos que estamos apaixonados, não, não estamos confundindo coisa nenhuma. Só achamos que você não é tão preconceituoso quanto os demais e que seria diferente. Outra coisa, não nos apaixonamos por todos que nos tratam como gente normal, só pra variar. Então, nos apaixonamos pelos mesmos motivos dos demais, tá!


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Sentindo na pele

Bom dia, pessoal, tudo joia?
Hoje vim falar sobre algo que está mexendo um pouco com a minha estutura emocional, mas nada que não vá passar. Só preciso desabafar, e nem sei se vocês precisam ler.
De uns dias pra cá, tenho desistido de algumas coisas na minha vida. E não por comodismo, falta de vontade ou preguiça, como já escutei muito de pessoas que me conhecem bem, mas por causa das minhas dores e cansaço extremo. E por que cansaço extremo e dor? Seria bem legal se eu pelo menos soubesse, mas não sei. Aliás, nem eu sei e nem os médicos do Clinicas que me atendem há pelo menos 20 anos, e ainda por sima, tem uma pasta com meu histórico errado.
Desde pequena, não tive um desenvolvimento muscular normal, andando só a partir dos 03 anos. desde então, me submeto a vários exames, que chegam a duzentas conclusões diferentes, desde "você não tem nada, é falta de preparo físico" até "você nunca vai andar"..
Nunca tinha sofrido muito com isso, desde que eu não caminhasse longas distâncias, tava tudo certo. Agora, qualquer coisa que eu faça, qualquer tempo demais deitada, sentada ou parada, me cansa e provoca dores.
E por causa dessas dores, desisti de muitas coisas, como fazer uma viagem, estudar para concurso e outros compromissos.
Antes eu achava que algumas pessoas que ficavam deficientes, exageravam um pouco na depressão, se tornando até chatos; mas agora, sentindo na pele, não é exagero, pois é muito difícil ter que deixar coisas que você quer muito fazer, porque simplesmente, não consegue fazer.
Então, a partir de agora, não me comprometerei mais com nada, pois não vou mesmo conseguir cumprir na íntegra com os compromissos. E tabém porque não fazendo compromisso, também não me frustro.
Falei q o post ia ser chato; mas tava a fim de escrever, então, pra mim valeu como terapia.
PS: também é a última vez que passo aqui para reclamar, prometo. E isso sim, posso cumprir.