segunda-feira, 2 de agosto de 2010

uma ótima matéria do jornal O Globo

Pessoal, um prof da minha irmã mandou esse material pra ela fazer pesquisa para a monografia. Achei interessante e resolvi postar.

01/08|

02h00m
ELEIÇÕES & SOCIEDADE CIVIL (12)
Dívida para com pessoas com deficiência

  “O debate eleitoral até parece ingênuo, diante de uma realidade tão diversificada e desafiante como a brasileira. Os candidatos absorvem termos e discursos
contemporâneos generosos - como sustentabilidade, acessibilidade, participação –, mas os esvaziam, tiram sua força de compreensão e mobilização. Quem fala
não parece acreditar no que fala ou que poderá fazer o que fala”.

Claudia Werneck, 53, jornalista graduada na UFRJ e especializada em Comunicação e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz, criou há 8 anos a ong Escola de Gente,
uma referência latino-americana em questões que relacionam comunicação e pessoas com deficiência (
www.escoladegente.org.br).
Ela é a convidada deste domingo para esta série - Eleições & Sociedade Civil – de breves conversas com lideranças sociais sobre o que esperam do processo
eleitoral.

“Há um mar de grandes desafios na área em que trabalho e muito pouca probabilidade de que o tema apareça na agenda eleitoral com uma perspectiva verdadeiramente
inclusiva”, diz Claudia.

Ela completa: “É verdade que há avanços significativos nas políticas dos últimos anos no que se refere, por exemplo, à rede pública de ensino – além de
políticas, legislação específica, hoje há também recursos e compromisso do Ministério da Educação e da Secretaria de Direitos Humanos para que estudantes
com deficiência estejam nas salas de aulas das escolas comuns com todos os recursos humanos e tecnológicos necessários. Por outro lado, a dificuldade de
acesso da pessoa com deficiência não se limita apenas ao campo da educação ou aos espaços urbanos e rurais. Há uma grande exclusão no campo da comunicação
e da cultura”.

- E por que existe tão pouca chance de ver o tema debatido se há cerca e 24 milhões de pessoas e cerca de 14,7% dos jovens com alguma deficiência?

- “Primeiro, vale observar que estes números devem ser sempre contextualizados numa ampla discussão sobre o que significa deficiência e sua relatividade
de acordo com o impacto de distintos aspectos (visão, locomoção, habilidades intelectuais e manuais...) em diferentes atividades profissionais, por exemplo”
– alerta Claudia Werneck, empreendedora social das redes internacionais Ashoka e Avina e autora de 12 livros sobre inclusão traduzidos em vários idiomas.

“De toda forma” – vai Claudia ao ponto – “no que se refere ao tema específico da acessibilidade aos meios de comunicação não serão estes mesmos meios os
que puxarão esta pauta e nem os candidatos se sentem à vontade com ela, porque ao longo dos anos construímos no Brasil uma boa legislação, bastante avançada,
mas esbarramos em muita dificuldade quanto ao cumprimento dessas mesmas leis. Livros, teatros, cinemas, programas de televisão, websites... Os mundos da
comunicação e da cultura tem grande dívida para com quem não ouve ou não vê, e há soluções técnicas já conhecidas em todas as áreas previstas por lei.”

- Bom, o setor das comunicações joga mesmo duro, digamos; parece não aceitar com facilidade nada que seja impulsionado por marco regulatório...

- “Note-se que não estamos falando em privilégios, mas em uma grande população de homens, mulheres, jovens e crianças que querem e devem ser tratados como
sujeitos de direitos. Estamos falando de democracia participativa, de liberdade de expressão e de acesso à cultura, nada mais que isso” – diz Claudia.

Pergunto a Claudia Werneck se há correspondência entre pobreza e deficiência e como esta questão se coloca no debate político.

- “Esta é uma questão que muito dificilmente se consegue trabalhar – o combate à pobreza também com recorte de deficiência. Claro que há correspondência
e claro que há necessidade de políticas simultâneas! Nos países em desenvolvimento, mais de 80% das crianças e adolescentes que tem deficiência vivem na
pobreza, segundo a ONU.

O que seria – provoco – uma cota mínima de posicionamento a se esperar dos candidatos sobre a questão das deficiências?

Para Claudia, os candidatos tem o dever de informar o quanto estão dispostos a investir no avanço da implementação de escolas públicas inclusivas, “considerando
a formação de recursos humanos, a aquisição e treinamento em tecnologia e a adaptação dos espaços físicos. No caso dos candidatos à Presidência, eles precisam
dizer como esperam lograr o compromisso dos municípios (escola fundamental, onde há avanços) e dos estados (ensino médio, onde o abismo entre necessidades
e ações concretas é enorme). E a gente fica torcendo para que os avanços continuem, para que as leis sejam cumpridas e no mínimo para que não haja retrocesso”.

Peço a Claudia Werneck que priorize três ou quatro pontos, fora de sua área específica de atuação profissional, que gostaria de ver discutidos com maior
profundidade durante as campanhas dos candidatos e debates. Ela não precisa pensar duas vezes para disparar:
- “As vergonhas diárias que aparecem sob os nomes de impunidade e corrupção, além da responsabilidade social da mídia. Agora, Educação e Saúde sempre devem
ser debatidos, pois este é um país – como se tem dito muitas vezes - muito bom pra quem é rico e muito problemático para quem é pobre”.  



Pessoal, acho que nós também podemos fazer a nmossa parte, cobrando o setor de comunicações como jornais, tv, etc. Se nós não nos impusermos, nunca seremos vistos.

Um comentário:

Fernanda!!!! disse...

Oi taís!!!!!
valeu por postar essa matéria no blog, eu adorei ler isso........
eu espero sinseramente que o nosso país possa avansar em termos de acecibilidade a todos os deficiêntes, pq a gente sabe que não é tão símplis assim resolver essa questão.
la se vam milhões e milhões de reais, mais o que importa,
é que todos tenham uma vida normal, perante a sociedade em que vivem.
espero que os políticos que serão eleitos neste ano,
pensem bém nessa questão.